sexta-feira, 29 de abril de 2011

2011 Ano dos Povos Afrodescendentes

No passado muitos diziam que nossas mazelas seriam originárias da presença dos negros na composição racial brasileira, esta tese original era do diplomata francês Joseph Arthur, que viveu entre1816 e 1882, o mesmo foi autor de uma teoria racial da História.

O diretor do Museu Nacional, antropólogo João Batista de Lacerda, acreditava no "embranquecimento" do povo brasileiro dizia que em poucas décadas, os sucessivos cruzamentos extinguiriam a raça negra no Brasil, em 1911, o diretor do Museu Nacional no Rio, João Batista de Lacerda, proclamava que em um século os mestiços teriam desaparecido do Brasil em razão dos processos de miscigenação e imigração Segundo ele, a mistura de raças era inevitável, e levaria a raça humana a graus sempre maiores de degenerescência, tanto física quanto intelectual por esta visão a miscigenação era bem-vinda e em conseqüência ocorria o fortalecimento do racismo "científico" que contagiava um grupo considerável de profissionais de saúde pública.

Usava-se Ideologicamente, o branqueamento para associar o negro a tudo o que é ruim e feio e, por outro lado, usava-se a associação do branco a tudo o que é bom e bonito.

Politicamente, o branqueamento se caracterizou por uma legislação favorável à imigração de europeus e oferta de condições econômicas, de educação e de trabalho melhores para os europeus e seus descendentes, e ao mesmo tempo, por uma ausência de atenções para com a população negra.

Em 1911, o diretor do Museu Nacional, João Batista de Lacerda, que representava o Brasil no 1º Congresso Universal de Raças, em Londres, apresentava a política brasileira afirmando que



"já que se viram filhos de mestiços apresentarem, na terceira geração, todos os caracteres físicos da raça branca, (...) é lógico esperar que, no curso de mais um século, os mestiços tenham desaparecido do Brasil"; isso iria coincidir com "a extinção paralela da raça negra em nosso meio" pois, desde a Abolição, os negros tinham ficado "expostos a toda espécie de agentes de destruição e sem recursos suficienciais para se manter".



Em resposta ao livro de João Batista de Lacerda , Antenor Firmin, um afro-haitiano, publicou em Paris, em 1885, apenas três anos após a morte de Gobineau, um ensaio em francês, uma paródia ao ensaio de Gobineau com o título :L'Egalite des Races Humaines: "A igualdade das raças humanas". Firmin foi jornalista, escritor, advogado e ministro das relações exteriores do presidente Hyppolite no Governo do Haiti. Considerado um rebelde em certa época na história de seu país, foi exilado em St. Thomas, nas ilhas Virgens, território norte americano. Publicou também um livro de grande repercussão, sobre o presidente Roosevelt, dos Estados O livro conta as conquistas da cultura negra desde o Egipto antigo e os países do vale do Nilo, Sudão e Etiópia.

Homicídio aumenta entre negros

Enquanto o número de homicídios no país permaneceu estável nos últimos anos, o número de negros e pardos assassinados no Brasil não para de subir segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais divulgado nesta terça-feira, no Rio, entre 2002 e 2008 houve aumento significativo de mortes de negros, enquanto os brancos viveram uma situação de maior segurança, o número de vítimas de homicídio entre eles caiu no mesmo período. Os números são do Mapa da Violência 2011, que reúne dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.

Enquanto no ano de 2002, em cada grupo de 100 mil negros, 30 foram assassinados; já em 2008, esse número saltou para 33,6. Enquanto isso entre os brancos, o número de mortos, que era de 20,6 por 100 mil habitantes, caiu para 15,9. O trabalho inclui também mortes por acidente de trânsito e suicídios ocorridos de 1998 a 2008. Os dados por raça só passaram a ser compilados em 2002.

Um homem preto ou pardo tem mais do que o dobro de possibilidade de morrer assassinado se comparado a de um indivíduo que se declara branco, homicídios entre homens brancos vêm caindo ao longo dos últimos anos, enquanto o movimento entre negros e pardos é inverso. No início da década, foram registrados 44.105 mil homens assassinados. Em 2007, esse dado ficou estatisticamente estável, recuando para 43.938.

Entre as mulheres, a razão de mortalidade das pretas ou pardas era 41,3% superior à observada entre as mulheres brancas, segundo os dados de 2007.

Entre os jovens, a situação é de maior disparidade

A taxa de homicídios entre os brancos de 15 a 24 anos caiu 30%; entre os negros na mesma faixa etária, subiu 13%. Em 2002, a cada grupo de 100 mil pessoas, 39,3 jovens brancos morreram; em 2008, foram 30,2. Já entre os jovens negros, a taxa, de 62,4 em 2002, subiu para 70,6 no ano de 2008.

Brasil foi a última nação da América a abolir a escravidão

Nosso país foi a última nação do continente a abolir a escravidão, entre 1550 e 1850, data oficial do fim do tráfico de negros, cerca de 3.600.000 africanos chegaram ao Brasil, a força de trabalho desses homens produziu a riqueza do País durante 300 anos.

Apesar de a maior parte dos escravos não saber ler nem escrever, isso não significava que não tivessem cultura. Eles trouxeram para o Brasil seus hábitos, suas crenças, suas formas de expressão religiosa e artística, além de terem conhecimentos próprios sobre técnicas de plantio e de produção. Entretanto, a violência e a rigidez do regime de escravidão não permitiam que os negros tivessem acesso à educação.

Oprimido e explorado, o negro encontrava nas suas raízes africanas a força para resistir à dominação dos senhores nas suas fazendas. E muitos aspectos de sua cultura permaneceram vivos, como, por exemplo, a religião. O candomblé, ritual religioso com danças, oferendas e cultos para Orixás, atravessou a história e aparece como uma prova de preservação das raízes do povo africano no Brasil.

Foi somente em 13 de maio de 1888 que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, libertando todos os escravos. Mas para muitos essa liberdade não poderia mais ser aproveitada como deveria. Após anos de dominação, os negros foram lançados numa sociedade preconceituosa, de forma desarticulada, sem dinheiro, sem casa, sem comida, sem nenhuma condição de se estabelecer.

Hoje, no Brasil, ainda é possível ver os reflexos dessa história de desigualdade e exploração. Alguns indicadores referentes a população, família, educação, trabalho e rendimento e que são importantes para retratar de forma resumida a situação social de brancos, pretos e pardos, revelam desigualdades em todas as dimensões e áreas geográficas do País. Apontam, também, para uma situação marcada pela pobreza, sobretudo para a população de pretos e pardos.

Segundo dados da publicação Síntese de Indicadores Sociais - 2000 - que reúne dados de pesquisas do IBGE, em 1999, a população brasileira era composta por 54% de pessoas que se declararam brancas, 5,4% de pretas, 39,9% de pardas e 0,6% de amarelas e indígenas.

Em termos regionais, a população branca está mais concentrada no Sul (83,6%), a preta no Sudeste (6,7%), a parda no Norte (68,3%) e a população amarela e indígena também no Norte (1%).

As diferenças referentes à educação diminuíram nas duas últimas décadas, mas ainda são significativas. Em 1999, a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos de idade ou mais era de 8,3% para brancos e de 21% para pretos e a média de anos de estudo das pessoas com 10 anos de idade ou mais é de quase 6 anos para os brancos e cerca de 3 anos e meio para pretos.

Apesar dos avanços nas últimas décadas na área da educação, com declínio do analfabetismo e aumento da escolarização e da escolaridade média, há muito que se fazer para alcançar níveis de qualidade, eficiência e rendimento do ensino compatíveis com as necessidades atuais e futuras de empregabilidade e de exercício da cidadania para a população jovem.

As diferenças são expressivas também no trabalho, onde 6% de brancos com 10 anos de idade ou mais aparecem nas estatísticas da categoria de trabalhador doméstico, enquanto os pardos chegam a 8,4% e os pretos a 14,6%. Por outro lado, na categoria empregadores encontram-se 5,7% dos brancos, 2,1% dos pardos e apenas 1,1% dos pretos.

A distribuição das famílias por classes de rendimento médio mensal familiar per capita indica que, em 1999, 20% das famílias cujo chefe é de cor ou raça branca tinham rendimento de até 1 salário mínimo contra 28,6% das famílias pretas e 27,7% das pardas.

Ainda em 1999, a população branca que trabalhava tinha rendimento médio de cinco salários mínimos. Pretos e pardos alcançavam menos que a metade disso: dois salários. Essas informações confirmam a existência e a manutenção de uma significativa desigualdade de renda entre brancos, pretos e pardos na sociedade brasileira.

Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

O dia 21 de março foi instituido pela Organização das Nações Unidas como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial em memória ao Massacre de Shaperville. Em 21 de março de 1960, 20.000 negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular. Isso aconteceu na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão e o saldo da violência foram 69 mortos e 186 feridos.

População que se declara branca diminui, diz IBGE


Em 2000, brancos correspondiam a 53,7% dos brasileiros. Número caiu para 47,7%

A quantidade de brasileiros que se declaram brancos caiu na última década. A conclusão é do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e está nos resultados preliminares do Questionário Universo do Censo 2010, divulgados na manhã desta sexta-feira (29).

Os dados são um detalhamento das informações apuradas pelo instituto e apresentadas inicialmente no fim de 2010.

No ano passado, quando a população do país atingiu a marca de 190,7 milhões de habitantes, pouco mais de 91 milhões se disseram brancos. O número equivale a 47,73% do total, o que significa dizer que menos da metade dos brasileiros disseram ser branca.

http://noticias.r7.com/brasil/noticias/populacao-que-se-declara-branca-diminui-diz-ibge-20110429.html

Dez anos antes, em 2000, quando foi realizado o Censo anterior, os brasileiros eram 169,8 milhões. Contudo, embora a população total fosse inferior à atual, o número de brancos era ligeiramente maior: 91,2 milhões. Proporcionalmente, a população de cor branca correspondia a 53,74% do todo.

Paralelamente ao encolhimento da população branca, cresceu a quantidade de pessoas que, ao serem questionadas pelo IBGE, responderam ser pardas ou negras (o IBGE utiliza, em seus estudos, o termo “preto” em vez de “negro”).

Os pardos, que em 2000 eram 65,3 milhões, dez anos depois somavam 82,2 milhões. Quanto à porcentagem, a variação foi de 38,45% a 43,13% do total. Entre os negros, o avanço foi de 10,5 milhões (6,21%) para 14,5 milhões (7,61%).

O encolhimento dos brancos, observado em nível nacional, repete-se em todas as cinco regiões do país.

No Sudeste, onde reside a maior parte da população brasileira, a parcela que se declara branca caiu de 62,35% para 55,16% do total.

O Nordeste é a região que concentra, proporcionalmente, mais brasileiros da cor negra. Lá, em dez anos, os negros passaram de 7,7% para 9,53% do total. A quantidade de pardos se manteve praticamente estável, variando de 58,02% para 59,44%. Entre os brancos, houve diminuição: de 32,94% para 29,44% do total.

Nos Estados do Sul, em que é registrada a maior proporção de cidadãos brancos, os pardos, que eram 11,49% do total, passaram a representar 16,52%. Quanto à população branca, a exemplo do que foi visto em todo o país, registrou-se queda - de 83,6% para 78,47%.

No ano passado, pela primeira vez todos os brasileiros foram perguntados pelo IBGE sobre sua cor e raça. Até então, esse questionamento era feito apenas a uma parcela da população. Nos números de 2010, apenas 6.608 pessoas não declararam sua cor. Há uma década, essa cifra era de 1,2 milhão.


Fonte: http://noticias.r7.com/brasil/noticias/populacao-que-se-declara-branca-diminui-diz-ibge-20110429.html