Trecho de carta escrita ao amigo Arthur Neiva, enviada de Nova Iorque em 1928
"Diversos amigos me dizem: Por que não escreve suas impressões? E eu respondo: Porque é inútil e seria cair no ridículo. Escrever é aparecer no tablado de um circo muito mambembe, chamado imprensa, e exibir-se diante de uma assistência de moleques feeble-minded e despidos da menos noção de seriedade. Mulatada, em suma. País de mestiços onde o branco não tem força (...) é país perdido para altos destinos. (...) mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva.
Lobato também escreveu um livro intitulado o choque das raças com o intuito de entrar no mercado norte americano e faturar com suas idéias atrasadas, como ele mesmo reconhece um pouco mais a frente a ver seu projeto ser recusado.
O Choque das Raças (Monteiro Lobato)
Escrito e pensado por seu autor como um cartão de visitas ao mercado editorial norte americano, seria um cartão que lhe daria em troca muitos dólares. Lobato havia sido nomeado adido comercial no consulado brasileiro em Nova York, e antes de assumir o posto, conforme explicou em carta ao amigo Godofredo Rangel, teve uma "idéia-mãe. Um romance americano isto é, editável nos Estados Unidos(...). Meio à Wells, com visão do futuro.
“O clou será o choque da raça negra com a branca, quando a primeira, cujo índice de proliferação é maior, alcançar a raça branca e batê-la nas urnas, elegendo um presidente negro! Acontecem coisas tremendas, mas vence por fim a inteligência do branco".
Porém seu livro não obteve êxito
Decepcionado, Lobato escreveu de Nova York para um de seus amigos, o literato Godofredo Rangel, conforme publicou o jornalista Arnaldo Bloch:
“Meu romance não encontra editor (…). Acham-no ofensivo à dignidade americana (…), errei vindo cá tão verde. Deveria ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros”.